12.15.2008

Elogio ao egoísmo puro.

Deixa-me falar de ti. Dessa vontade crescente que recorre a atenções constantes do teu eu. Uns dizem que o egoísmo é feio, outros dizem que é mau, outros dizem até que é passageiro e oferecem-te uma palmadinha nas costas, sem respostas, apressados a mudar a conversa que já se torna demasiado embaraçosa para ser continuada. Mas eu continuo-te a pedir: deixa-me falar de ti. Olha-me nos olhos e deixa-me ver esse teu Eu vazio. Tão vazio como uma árvore plantada no meio de uma praia. E agora? Corre, foge em circulos com a esperança da indiferença que escorre das palmas das tuas mãos e que te denuncia como a janela denuncia o amanhecer. Continua porque te dá jeito, porque somos colegas e estamos mesmo aqui ao lado. Porque nos damos bem e não nos chateamos muito, porque faz sentido, porque é mais barato, porque sofremos de uma variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem! Eu quero fazer o elogio ao teu egoismo puro, egoismo cego, egoismo estúpido, egoismo doente, ao único egoismo verdadeiro que tens, ao egoismo amiguicída! Chega de conversas, chega de compreensões, chega de conveniências de serviço. Chega de pessoas embrutecidas, cobardes e comodistas, chega de umbigos grandes e nauseabundos. Chega de incapacidade de um gesto largo, raça de 'telefonomaníacos' e 'sulfólicos' de bar, bananóides de compromissos, amiguicídas. Um elogio a ti, e ao centro largo, profundo e escuro do teu 'Eu'.


Le.iti.

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